domingo, 23 de março de 2008

Terrorismo poético em Presidente Prudente

Podridão

O que eu vejo ?
Vejo a fome
Vejo a podridão
Já cansei
Mas isso nunca muda
Olha ali de novo
Vejo mais exploração
Vejo humilhação

Qual será a solução?
Fecho meus olhos
Talvez seja a solução

O cheio podre
Toma minhas narinas
Não consigo respirar
Estou sufocado com a fumaça
Fumaça podre das industrias
Fumaça suja do capitalismo

Quando vou seu livre
Existira liberbade
No pais da imposição
Ate onde o povo vai aceitar
Sua insubordinação

Revolta acumulada
Pouco explorada
Existe o medo
O medo que o povo tem
O medo de um opressor
O sistema opressor
Com seus cães sedentos por sangue
Cacetétes e armas na mão

Lutando contra a população
É tanta violência
Que me faz pensar que
O maior inimigo do sistema
É seu próprio povo

O povo no qual é parasitado
Por suas manobras perversas
Por seus meios sub-humanos de exploração

Ate quando suportarei esconder meu ódio
Ate quando vou agüentar viver com essa revolta
Não quero , eu não quero mais essa miséria

Somos todos loucos por tentar lutar
Contra o sistema opressor
Agora eu sou seu inimigo
Declaro você o meu estado meu maior inimigo
Agente nunca fomos amigos mesmo
Ele sempre me humilhou
Nunca si importou com o que senti

Semeio sua dominação
Sobre min todo dia
Das 6 as 12
Com meu rosto suado
Mão com calos

Sempre explorado
Nunca recompensado
Recompensado apenas com ilusões
Ilusões que me mostraram
Mas quem é esse que me mostrou essas ilusões?

A mídia burguesa coloca a mão sobre min
Nada mais me importa
Se meu time do coração esta ganhando o campeonato
Não me importo comigo mesmo
Afinal ninguém se importa de comer lixo quando esta passando novela

Ate quando?
Ate quando?
Vou suportar me alimentar de uma ilusão
Uma ilusão dirigida pela televisão

Não não esta nada bem
Esta muito errada somos milhares
Somos a grande parte da nação
E ainda nos chamam de vergonha
Para essa nação eu nunca quis ser elogiado por vocês

Amigos? Amigos se preocupam com o outro
Quando que o estado se proocupo com agente
Sempre preocupados si estavamos pagando a mesada pra eles
No dia 10 todo mês. Porque si não pagarmos seremos atacados
Atacados por cães sedentos de sangue com cassetetes e armas na mão

Eu não agüento mais viver essa miséria
Na igreja meu único refugio
Já começo desconfiar de certas decisões
Não eu não aceito que tenho que dar
Um décimo do meu salário para sustentar parasitas vestidos de branco

Não me restou mais nada
Apenas à vontade de lutar
Meu domingo virou dia de fome
O futebol não me diverte mais
A igreja não me ilude
O estado não me engana

O sistema ainda me explora
Das seis as 10 de segunda a sábado
Eu vendi a minha alma por míseros 200 reais
Será que tudo isso vale a pena
Começo a me perguntar si tudo isso vale a pena
Procuro o motivo de viver sempre subordinado

O ódio toma conta de min
Minha cabeça só repete a palavra suicídio
Suicídio suicídio

Na garrafa de pinga procuro minha ultima solução
Apenas para passar o tempo
Esperando um milagre, que infelizmente não acredito.
Talvez mi drogar para passar o tempo e morrer e não ter que
Andar de quatro mais um dia para vossa excelência
Já estou cansado de comer as migalhas que cai da mesa dos donos do papel

Minha revolta esta sendo incontrolável
Tento não pensar
Tento aceitar e continuar minha vida
Todos daqui sempre viveram assim talvez eu consiga
Já passou outro dia é hora da minha tortura diária
Uma lagrima começa a escorrer logo vou enxugada

Quem sou eu?
Apenas mais um operário? Sem família
Sem amigos
Sem nenhum motivo de existência

Momentos de depressão são normais
Alias já faz anos que a revolta acumulada explodiu
Cada dia que passa meu ódio cresce e já esta num estado insuportável faz tempo
O que me segura talvez é o medo daqueles malditos cães

Medo? Olho para min mesmo eu não tenho nada a perder
O medo é uma ferramenta do estado para controlar o ódio alheiro
Mais o meu ódio não é mais alheiro
Estou sendo sufocado pelo cheiro de lixo a anos
Abro a boca sinto gosto de sangue podre
Eu moro no lixo, um lugar que ninguém sabe que existe.

Olha vossa grande senhoria
Esfregando na cara do seu povo seu poder
O ódio me sobe a cabeça
Olho para os lados qualquer objeto ponte agudo me serve
Controlo-me, e num momento de frieza me apresento a vossa senhoria.
Aqui estou senhor, eu sou parte da geração que o senhor esqueceu.
Num momento de fraqueza tomado pelo ódio
Afundo uma garrafa quebrada no estomago da vossa excelência

Aqueles malditos cães já estão encima de min
Não tenho nada o que fazer apenas afundar mais àquela garrafa
O que eu fiz não tem mais volta.

Pela primeira vez eu sou o centro das atenções
Tem uma multidão de pé olhando pra min
Levo um tiro pelas costas
Agora são dois
Mais um.

Ensangüentado no chão posso ver a multidão aplaudindo
Talvez nessa noite tomado pelo ódio eu representei toda aquela nação
Talvez aquele sentimento que eu sentia não era apenas eu

Depois daquele ato desesperado o sistema ficou totalmente descontrolado
Ativistas radicais tomaram o governo
E finalmente aquele povo hoje tem um lugar digno para viver
E incrivelmente um simples operário hoje é lembrado como um herói da nação
Por justamente atacar o maior símbolo da mesma.

A minha felicidade será feita, quando um pai contar minha historia.
Para o seu filho, e minha historia... Minha historia talvez seja lembrada por alguns anos
Colocar uma garrafa quebrada no peito do presidente não é a melhor das atitudes. Mas a mensagem que deixo é que não devemos nos submeter ao o que nos é imposto.

Chamo-me Teodoro Marceliano, 24 anos. Nascido em 17/12/ 1961

Nenhum comentário: