quarta-feira, 27 de agosto de 2008


[Espanha] La Haine entrevista o preso anarquista em greve de fome Amadeu Casellas Ramón

Amadeu Casellas é um preso anarquista que está a mais de 25 anos encarcerado por sua participação em dezenas de ataques a bancos com os quais ajudava a financiar lutas operárias nos anos 70. Amadeu tem sido sempre uma pessoa comprometida e ativa, participando tanto na rua como na prisão de lutas e denúncias coletivas contra o sistema, isto seja no regime franquista ou "democrático".
Atualmente se encontra cumprindo a pena na prisão de Quatre Camins-Granollers ainda que esta entrevista tenha sido realizada quando Amadeu já se encontrava dentro do módulo penitenciário do Hospital de Terrassa.
Amadeu decidiu realizar uma greve de fome indefinida faz já 59 dias (desde o passado 23 de junho) para exigir que se atendam suas demandas sobre a aplicação da limitação do tempo de condenação a que tem direito e obter a liberdade condicional. Até agora Amadeu não obteve resposta favorável nem dos poderes judiciais nem da direção do Serviços Penitenciários da Catalunha.
lahaine.org está realizando um seguimento informativo sobre a greve de fome de Amadeu e as diferentes iniciativas que os grupos de apoio e pessoas solidárias estão realizando. Temos querido perguntar a Amadeu diretamente sobre algumas questões referentes a greve de fome e os motivos que lhe levaram a tomar uma decisão tão drástica.
Desde aqui transmitimos nosso afeto a Amadeu e a sua família e expressamos nosso agradecimento às pessoas que nos ajudaram para realizar esta pequena entrevista ao companheiro.
La Haine: Durante sua estada na prisão realizastes uma infinidade de greves de fome tanto coletivas como individuais. O que é o que te leva desta vez a declarar-te em greve de fome indefinida?
Amadeu: O que me leva a tomar esta decisão é a impunidade com a que as equipes de tratamento falsificam os informes e me negam os benefícios penitenciários. Também exijo que me apliquem a limitação do tempo de condenação tal como reconhece o código penal antigo e novo.
LH: Quais são as reivindicações básicas que expressas mediante esta luta?
Amadeu: A limitação do tempo de condenação e liberdade condicional em seu direito.
LH: Faz umas semanas já nos inteirávamos que a Juíza da corte 2 de Manresa se pronunciou contrariamente a aplicar-te uma refundição de penas e queremos saber o que pensas de dita resolução e como a avalias desde a situação em que te encontras.
Amadeu: É uma resolução fascista e ilegal baseada em minha trajetória revolucionária tanto dentro como fora das prisões.
LH: Desde La Haine entendemos que os protestos e lutas tanto individuais como coletivas que se desenvolvem na prisão, devem ter um apoio decidido e contínuo na rua. A solidariedade é uma arma muito poderosa e nas prisões o silêncio que provoca o isolamento da sociedade faz com que essa solidariedade seja muitas vezes a única forma para que um protesto seja escutado na rua e nas instituições responsáveis pelas situações que se combatem. Como avalias essa resposta solidária? Contas com ela na hora de realizar essa iniciativa de greve de fome indefinida?
Amadeu: Agora mesmo conto mais com o apoio no exterior que no interior das prisões, porque no interior o medo das represálias está na ordem do dia e por isso é tão importante para mim a difusão de minha situação no exterior.
LH: Vivemos em uma sociedade cada vez mais individualista, passiva, indiferente e apática. A prisão é um reflexo dessas mudanças e você a tens vivido em grande parte desde a sua detenção continuada já fazem mais de 25 anos. Como vives essa ausência de companheirismo e união dentro da prisão?
Amadeu: As prisões como bem dizem são um reflexo da sociedade e faz alguns anos todos estávamos unidos e agora não. O medo das represálias e as drogas tanto legais como ilegais têm destruído completamente a união e o companheirismo.
LH: Realmente tem mudado muito as prisões nos últimos 20 anos?
Amadeu: Somente tem melhorado a saúde e a alimentação, nos demais aspectos seguem sendo autoritárias, fascistas e prepotentes como há 30 anos. Mas está tudo muito bem maquiado e não deixam que saia para fora nada que vá contra seus interesses.
LH: Até onde estás decidido a chegar com este protesto?
Amadeu: Até o final.
LH: A quem denuncias como responsáveis diretos de tua situação atual?
Amadeu: Aos políticos, sejam de direita ou esquerda; aos juízes por sua hipocrisia; a Direção Geral de Prisões; aos mandatários das prisões por sua incompetência e a colaboração com as equipes de acompanhamento em curso.
LH: Comentavas em teu último comunicado que um companheiro teve, Juan Alfonso Casquero, permaneu 70 dias em greve de fome e ao reencontrar-te com ele na enfermaria o encontrastes muito mal mentalmente. Podes nos explicar como se encontra e o que se passou com ele?
Amadeu: A verdade é que não sei o que lhe aconteceu porque ele perdeu completamente a sanidade e não se pode nem falar com ele. Agora que me encontro no mesmo hospital de Terrassa aonde estava ele, tenho tentado saber algo mais, mas não consegui averiguar nada.
LH: O que esperas do povo que está na rua e que estamos te apoiando?
Amadeu: Que sigam apoiando-me difundindo esta situação e continueis mandando faxes tanto a Serveis Penitenciaris da Catalunha, ao Juzgado Nº 2 de Manresa e a todos os endereços que acredites oportuno.
LH: Agradecemos-te enormemente ao esforço de responder a estas perguntas depois de 58 dias de greve de fome e só esperamos te encontrar o mais cedo possível recuperado, na rua e junto aos teus. Desde La Haine seguiremos fazendo o que esteja em nossas mãos para difundir tua situação e denunciar os centros de extermínio legais. Sorte e força!
> Solidariedade com Amadeu Casellas <

O responsável pela redução da pena é:
Jutgat Penal nº2 de Manresa
C/ Alfons XII, nº7.
Jueza Erika López Gracia
Tlf. 93 872 82 77 Fax. 93 872 71 05.
Os responsáveis de dar-lhe o terceiro grau são:
Dirección general de Servicios Penitenciarios.
C/ Aragón, 332 de Barcelona.
Secretario Albert Batlle y Bastardas
Tlf. 93 214 01 00 Fax. 93 214 01 79
Síndic de Greuges de Catalunya (Defensor del pueblo catalán)
Albert Ribó
C/ Josep Anselm Clavé 31. 08002 – Barcelona
Tf.- 93 301 8075 Fax.- 93 3013187
Escreva-lhe e dê seu apoio:
Amadeu Casellas Ramón
Hospital de Terrassa-Pabellón Penitenciario
Carretera de Torreblanca S/N
-08227-Terrassa-Barcelona
Tradução > Juvei


agência de notícias anarquistas-ana

A velha ponte –
No pó ajuntado entre as tábuas,
Brota o capim.
Paulo Franchetti

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